terça-feira, 1 de novembro de 2016

Avaliação da prática docente 2016.1

Ao final das atividades de aula, como fiz no semestre passado e no anterior, pedi para que xs estudantes me avaliassem, a partir dos critérios que elaborei para o formulário de 2015.1. Obtive 44 respostas, num conjunto de 74 estudantes, porcentagem um pouco maior que no semestre anterior (59,4%). Preciso fazer isso, inclusive, porque a UFAL ainda não tem avaliação dos discentes sobre as atividades que ela proporciona.

Metodologia da pesquisa
A ideia de fazer uma avaliação da minha prática docente surgiu ainda nas primeiras turmas que peguei ao chegar na UFAL, o mês final de 2014.1. Preocupava-me por se tratar de um período que teve greve docente e troca de professores na disciplina. Deixei um dia para entregar os trabalhos/dar as notas e que avaliássemos em conjunto aquele semestre. Quando houve, tirando um caso, as respostas foram "foi bom". No semestre seguinte acabei não fazendo, pois presencial não se mostrou possível, ainda que colegas meus achem estranho que eu faça isso.

Em 2015.1, participei de um curso para usar a plataforma Moodle da UFAL e dentre as atividades iniciais estava uma avaliação da prática docente. Fiz um questionário no Drive após o primeiro terço da disciplina de LIC, obtendo 34 respostas. Repeti o modelo para a avaliação final e também para a eletiva, sem ter a necessidade de identificação - dando liberdades axs estudantes para serem honestxs. ão 5 pontos a serem avaliados de 1 (péssimo) a 5 (ótimo): Prática Docente, Ação Didática, Construção do Conhecimento, Relação professor-discente e Métodos de avaliação. Depois, a avaliação do aprendizado/lembrança de Lógica, Comunicação e Informática; e, por fim, uma pergunta direta: "O que devo mudar na minha prática pedagógica?".

Prelúdio
O segundo semestre normalmente é complicado por conta das ausências devido aos eventos de pesquisa, que no caso da Comunicação se acumulam neste período do ano. Então, naturalmente haverá duas a três semanas em que não teremos aula, que se dará utilizando o Moodle (plataforma EAD da UFAL) e/ou com reposição. Mesmo considerando que este semestre letivo teve uma semana a mais que o anterior, até por não ter feriados no início de semana, os eventos fazem com que os encontros sejam irregulares.

Mas o período foi pior por dois motivos. O primeiro, avisado na semana de recepção promovida pelos centros acadêmicos, foi o cargo de coordenador acadêmico, que acrescentou outras atividades, caso de uma reunião de formação na sede do campus, em Delmiro, em que não pude dar aula à tarde de uma segunda-feira,  mas à noite sim; fora xs alunxs que apareceriam na porta para tirar alguma dúvida sobre falta de professor (e foram dois, sete disciplinas sem docente neste semestre).

Foram diversas reuniões de segunda a quinta no Sertão, e algumas quintas e sextas na reitoria em Maceió, que atrapalharam em alguns momentos a programação da minha vida, incluindo as atividades acadêmicas. Um problema atrás do outro em diferentes frentes, incluindo a possível mudança da presença minha e dxs professorxs do atual Tronco Inicial nos cursos do interior.

Sou muito mobilizado mental e fisicamente pelo cansaço e não ter em algumas semanas a possibilidade de descanso interfere, naturalmente, no meu humor - que fica mais afiado - e na imunidade. O segundo motivo que tornou este semestre pior que os outros foi que pela primeira vez faltei por motivo de doença, uma infecção bacteriana em agosto, algo de um nível que nunca tive. Há poucas semanas tive problemas no México, que acabei "trazendo" para cá, dificultando as minhas aulas e que me fez ir pela segunda vez no semestre à emergência de um hospital.

Entrei num processo de esgotamento físico e mental nos últimos meses, que ganhou o acréscimo de um problema de foro pessoal, mas sempre tentando dar conta das atividades de ensino, pesquisa, extensão e gestão em que estou. Isso é importante de ser frisado, não somos uma máquina e é óbvio que essas coisas interferem no nosso jeito de ser. Como costumo destacar, a importância de entender o porquê a outra pessoa está daquele jeito, em vez de sair gritando exigências ou que ela esteja sempre à disposição ou faça milagres. O que não acontece.

Só isso já faria ser um semestre difícil, mas sabia que a avaliação viria com problemas porque não consegui estabelecer uma relação com xs discentes como no semestre anterior - ainda que acredite que aquele tenha sido uma exceção positiva. Em meio a essa correria, sentir a falta de vontade e a preguiça delxs em vários momentos não ajuda em nada, ressalvada as devidas exceções. Cheguei a testar isso com uma atividade no Moodle, reproduzida aqui, em que pedi para que lessem de forma adequada e não me perguntassem nada. Ainda houve pessoas das duas turmas a perguntar. Deixei duas aulas para tirar dúvidas sobre os trabalhos, perguntei dois dias antes de Seminário Integrador se havia dúvidas e ainda apareceram problemas de quem não entendeu algo relativo à forma, especialmente. E não faltaram momentos em que reclamei disso.

Mas, dado esse comentário, vamos aos pontos da avaliação.

1. Prática Docente e Ação didática

Prática docente é uma avaliação geral, que pode ser que no semestre que vem eu jogue para depois das outras perguntas. Em ambos, que vai se repetir em todas as perguntas, há quem tenha identificado como péssimo. Ainda que entenda que a formação que temos na educação básica seja diferente, seria fundamental que quem achou tão ruim a disciplina que me informasse ao longo do semestre, até para poder mudar algo.

Na ação didática, aparecem alguns regulares (4). Como comentei, suponho que a falta de regularidade da aula por conta de outras atividades atrapalhou o semestre. Tentei modificar algumas coisas em relação a semestres anteriores, mas neste algumas atividades foram prejudicadas pelo tipo de conteúdo que creio ser mais adequado ao Moodle. Filmes e documentários que seriam passados em sala para discussão foram deixados para o EAD. Mas é claro, como destaco, sempre há coisas há mudar e a cada semestre aparecem novas coisas já que cada turma de 1º período vai ter um perfil diferente.

 2. Construção do conhecimento e Relação professor-discente
"Construção do conhecimento" tem os mesmos 4 regulares e 1 péssimo. Muda algo no bom/ótimo, mas tendo a repetir o que aponto frequentemente, a disciplina "Frankstein" acaba prejudicando uma melhor relação entre os conteúdos das três partes, ainda que eu tente cada vez mais resgatar na Comunicação e na Informática o que foi discutido em outros momentos. Isso deve ser readequado com a mudança da disciplina que deve ocorrer com a alteração nos Projetos Político-Pedagógicos dos Cursos.

A Relação professor-discente foi bem pior que nos semestres anteriores, com 1 péssimo, 2 ruins e 3 regulares. Confesso que não consegui estabelecer uma relação parecida com outros semestres, então esperava este resultado. Tive até discussão áspera com estudante na metade inicial do período por conta da correção de um exercício, algo que em mais de 2 anos nunca tinha acontecido, ainda que não tenha tido problemas depois com esta pessoa ou outras.

3. Métodos de avaliação
Outro ponto que eu sempre revejo, teve alteração este semestre e que se mostra como de necessária revisão a todo momento. Foi 1 péssimo e 4 regulares. Percebi um problema no debate em grupo na parte de Lógica, que deve fazer com que eu altere na pontuação das atividades do primeiro período, pois o fato de ser em grupo acaba escondendo dificuldades de aprendizado de algumas pessoas. Além disso, talvez seja necessário também adaptar algo na segunda parte, pois foram muitas atividades no primeiro e bem menos no segundo bimestre. Fazia isso para aliviar frente os trabalhos finais de outras disciplinas, especialmente Seminário Integrador, mas é necessário repensar se é a melhor coisa.

4. Como você avalia/lembra o conteúdo aprendido em Lógica e em Comunicação
Outros pontos com resultados bem piores que nos semestres anteriores. Geralmente a parte de Lógica é bem avaliada - mesmo no semestre que foi dividido por uma greve isso ocorreu -, mas desta vez a ampla maioria foi no bom, com 6 regulares e 1 péssimo.

Comunicação, curiosamente, vinha sendo a pior avaliada por estar espremida entre as outras duas partes e ter duas semanas a menos. Como vejo que ela está presente nas outras, acabo mais resgatando e/ou puxando assuntos, além de ser das áreas a mais próxima a mim, o que gera certo conforto maior e a preocupação em não exigir delxs que entendam muito de algo que eu enquanto comunicólogo preciso saber muito bem. Necessário rever e incluir ainda mais exemplos e atividades práticos. Aqui foram 1 péssimo, 2 ruins e 5 regulares.

5. Como você avalia/lembra o conteúdo aprendido em Informática
Em Informática há mais ótimos que nos anteriores, mas surpreendentemente há mais uma pessoa que achou péssimo (2 no total), 3 que acharam ruim e 3 regulares. A surpresa é porque se trata do assunto mais recente tanto no período letivo quanto no que se faz no dia a dia, com apresentação de trabalhos com prática disso e vídeos que discutem as potencialidades e os problemas.

Enfim, de qualquer forma, independente do andamento das turmas no semestre, as duas semanas a mais de recesso, fora do meu período de férias, servirão também para reobservar melhor a ordem de conteúdos e a programação do semestre que vem, pensando em outras atividades cotidianas.
Com os dados anteriores, fiquei satisfeito e um tanto surpreso com a avaliação majoritariamente positiva para a utilidade da disciplina, dado que é no eixo gestão e isso sempre aparece como questionamento no semestre. Foi um péssimo, 4 regulares, 7 bons e 31 ótimo (72%). E essa é uma discussão que estamos tendo no âmbito dos campi do interior da universidade, algo que vem redundando em algo como "O que fazer com xs docentes do Tronco Inicial?".

6. Sugestões/reclamações




Como esperado, mais reclamações que em anos anteriores. E eu prefiro comentar isso do que quem afirmou que está tudo bem. Até porque o intuito do formulário é perceber coisas que só quem é estudante das minhas disciplinas sabe/sente e que não necessariamente eu percebo, pois ocupo um outro lugar social ao longo do semestre.

Confesso que gostei do primeiro comentário. A questão de serem estudantes que estão ingressando na universidade, vindo com vários vícios e algumas deficiências da formação básica, é uma preocupação recorrente, ainda mais que são disciplinas de 6 horas semanais, uma alta carga horária. Mas a relação professor-discente é uma via de mão dupla, fazer com que isso ocorra vem sendo o meu grande desafio.

É tentado dar clareza ao assunto, claro, e trazer exemplos - séries, filmes, vídeos esquetes (Porta dos Fundos), questões do cotidiano -, tentando renovar a cada semestre, mas é fundamental que quando eu pergunto se estão entendendo, caso não, alguém fale. Esse foi um semestre de silêncio quando eu questionava sobre isso. O mesmo vale para o comentário sobre lógica. Realmente é algo mais complexo que as outras duas partes, mas tentamos trazer mais elementos e renovar sempre, só que o retorno sobre é fundamental para eu saber se está ou não funcionando.

Sobre o objetivo da aula, realmente não faço tanto isso, mas aceito a sugestão e irei fazer isso a cada início de tópico do assunto, começando pelo início do semestre, vide a discussão sobre a importância dessas disciplinas do primeiro período.

O ponto mais complicado é o de quem me achou arrogante e que me definiu como bipolar. A questão da arrogância e de outros problemas creio que podem ter aparecido, e isso vai depender do momento. Ninguém é perfeito e tomarei mais cuidado até no cotidiano, para além da sala de aula por ser um defeito que alguém me aponta. Sobre ser bipolar, faço tratamento terapêutico, que nunca neguei a ninguém, desde julho do ano passado e não fui identificado como bipolar por alguém que é graduada e especialista na área. Tenho certeza que ela o faria e me indicaria um psiquiatra caso isso ocorresse. Essa é uma área que me preocupo por questão de "herança" familiar. Na verdade, como apontei acima, a minha mudança de humor é em processo e tem motivos, mais ligada à Síndrome de Burnout/esgotamento que, dentre outras coisas, tem como estágios a necessidade de reconhecimento, o não saber dizer não às atividades de trabalho , o estresse, a depressão e a vontade de se isolar das pessoas. Algo que, inclusive, estou estudando agora num projeto de extensão que retrata especialmente o trabalho docente. Agora, não confundir isso com respostas à reação negativa a uma atividade em sala de aula. Independente de eu me sentir bem ou não, se a turma faz algo errado é meu dever apontar o erro e reclamar caso tenha sido por desleixo.

"A leitura" e "Conteúdos em Vídeo". Não sei se eu tenho que melhorar a minha leitura, incluir mais textos ou trocar os que passo. De qualquer jeito verei tudo isso. Imagino que "conteúdos em vídeo" seja acrescentar, ainda que possa ser trocar ou mudar. Algo que também verei novamente.

"Mais empenho!" é curioso especialmente quando nem sempre a recíproca tenha sido verdadeira. Uso como exemplo o artigo sobre as TDICs para as empresas que poucas pessoas nas duas turmas leram. Fora que, como expliquei, docente efetivo de UF não é só sala de aula e, apesar dos problemas, o empenho vem sendo até maior do que deveria para tudo. Estar desmotivado num dia ou outro é outra coisa totalmente diferente.

Os textos são atualizados, mas precisamos seguir a ementa definida nos Projetos Pedagógicos da melhor maneira possível, inclusive é isso o que o MEC cobra nas avaliações dos cursos. Então referências como Copi, Vanoye e Castells são obrigatórias a partir disso. De resto, faço as atualizações possíveis, vide que troquei o texto que seria para leitura na parte de Informática, o da Márcia Tiburi (que foi para o EAD) é do ano passado e os dos seminários sempre são atualizados, com alguns saindo e outros aparecendo a cada semestre. Mas aceitamos sugestões.

Usar o quadro a mais não sei se é algo que possa melhorar ou não, uso em alguns momentos apesar dos slides, mas observarei essa sugestão especialmente para os casos dos textos para leitura e dos filmes vistos. Este semestre isso ocorreu em menor quantidade devido ao que já expliquei anteriormente. E "explorar os alunos" depende também do outro lado. Tem aula que eu acho que todo mundo vai gostar e a reação é contrária, enquanto outras se dá o inverso. Há momentos que as turmas reagem diferente ao mesmo conteúdo também. É algo que varia de acordo com dia, assunto e o "humor coletivo".

Por fim, alguns pontos que já expliquei a partir das figuras acima, mais o explicar melhor os trabalhos. A explicação é feita e até mais de uma vez e com pergunta se tem dúvida. Vejo que uma coisa que devo mudar é o retorno sobre os trabalhos, que faço mais de forma coletiva e algumas pessoas não conseguem/querem entender. Talvez tentar arranjar um tempo para algo mais individual nos casos que eu perceber serem mais "complicados". Mas, de qualquer forma, volto a dizer que depende da outra parte, de como está acostumada, inclusive, a isso. Confundir os métodos dos dois professores (e eram só dois!) no semestre não ajuda também e para isso o cuidado não deveria ser meu.

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