sábado, 12 de outubro de 2013

[Por Trás do Gol] A qualidade dos amistosos

Muito se falou e ainda se fala desde a derrota para a França em 1998 sobre amistosos da Seleção Brasileira contra adversários "absurdos", especialmente porque a maioria deles se realizam por conta de contrato, seja o que perdurou nos 10 primeiros anos com a Nike, ou com a empresa (árabe) que compra o direito de organizá-los. Os amistosos com Coréia do Sul, realizado hoje, e com Zâmbia, na próxima terça, restabeleceram tal discussão.

Confesso que para além do problema de poucos amistosos a serem realizados no ano que vem, creio que apenas um antes da fase de preparação para a Copa do Mundo, e do fato de não serem realizados no Brasil, estas duas seleções até que foram bem escolhidas.

CORÉIA
Começando pela Coréia do Sul, a seleção se garantiu para seu oitavo mundial seguido, ainda que pelo critério de saldo de gols e se em 2002 ela alcançou o 4º lugar em casa - ainda que contando com (muita) ajuda da arbitragem) - houve um natural desenvolvimento dos jogadores até aqui. Além disso, representa um tipo de jogo que não costumamos ver com frequência, o asiático. 

Entendo ser muito importante enfrentar na fase de preparação seleções com diferentes formas de jogar, afinal serve como teste para diferentes situações. Se já pegamos a Suíça, bem menos retrancada que de outrora, enfrentar a tal "correria" asiática, ainda que cada vez mais estereótipo que realidade, serve para preparar a marcação para outras situações.

No jogo de hoje, o Brasil começou errando muitos passes, e muito disso graças à marcação mais pesada dos sul-coreanos. Neymar sofreu 8 faltas só no primeiro tempo, mas a maioria delas longe da área, atendendo a um pedido de Felipão para jogar de forma mais flexível, saindo da ponta esquerda. Só quando ele partiu em diagonal de forma mais ofensiva é que saiu uma boa falta a cobrar e ele a cobrou bem, no canto, marcando o primeiro gol no final do 1º tempo.

Destaque negativo para o destempero dos jogadores brasileiros. Neymar segue parecendo se irritar bastante quando recebe uma jogada mais dura, uma série de faltas de um mesmo jogador. Ele, mais do que ninguém, deveria saber disso, ainda mais agora com a atenção sobre ele em nível mundial. Para além disso, o cuidado com a fama de "cai-cai" deve seguir, de maneira que ele não leve cartões por reclamações mais acintosas.

Se Neymar precisa de mais cuidado, o que falar de Marcelo? O lateral-esquerdo brasileiro segue indiscutível na posição, mas fraqueja naquele que é o seu ponto negativo: o temperamento. Contra a Suíça ele já havia exagerado, mas o árbitro não viu, desta vez mais uma mão na cara do adversário... Imagina-se algo assim numa fase de mata-mata - vide Felipe Mello em 2010 - e todo o trabalho pode ser jogado fora.

Veio o segundo tempo e Felipão colocou Ramires no lugar do Hulk, que havia desperdiçado a principal jogada com bola rolando. Como sempre, Paulinho fica mais livre e logo na primeira bola acertou um bom passe para Oscar driblar o goleiro e ampliar o marcador. Mais um gol nos extremos das etapas. Oscar, o "10" que naturalmente se colocou na posição em meio a jogadores mais idolatrados pela imprensa (Ganso, R10 e Kaká) e grande herança da Era Mano Menezes.

Daí em diante, uma série de modificações em ambos os lados. No Brasil, além de Lucas não ter entrado, o que comprova que é necessário que o ex-Marcelinho comece a jogar mais e melhor agora também no PSG; a entrada de Lucas Leiva no lugar de Luiz Gustavo. Este Lucas parece ter a calma que se necessita para a posição e com o Liverpool voltando a bons dias depois de muito tempo pode alcançar a última vaga do meio com a ida de Fernando para a Ucrânia.

Sobre a Coréia, é um time em reconstrução, que deve ser bem rápida e destaque para o comando de um sul-coreano, Myung-Bo, jogador que atuou em 4 Copas do Mundo. O time tem muitos jogadores jovens, com habilidade e com um esquema de forte marcação quando a bola está com o adversário. Um aprimoramento do jeito que nos acostumamos a ver e que pode gerar frutos a médio prazo.

ZÂMBIA
Sobre a Zâmbia, apesar de desconhecida pela maioria dos brasileiros, foi campeã do Campeonato Africano das Nações em 2011, passando por Gana nas semifinais e pela Costa do Marfim na final. Na edição deste ano parou na primeira fase após três empates, num grupo que tinha a futura campeã Nigéria. 

Ainda que não tenha conseguido uma vaga para a fase final das Eliminatórias locais, é um time a ser observado para o futuro e que deve imprimir um estilo de jogo diferente do que o Brasil enfrentou até aqui. A ser realizado em Pequim, o jogo tende a ser aproveitado por Felipão para testar jogadores nas posições que restam dúvidas, com três ou quatro alterações a serem utilizadas em relação ao time que jogou hoje. O que me parece ser bastante válido.

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