segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

[Em busca do El Dorado] Ufa!

Apesar do forte calor que voltou ao Rio Grande do Sul nestas últimas horas de 2012, o sentimento é de alívio. Como alguém disse para mim, apesar de ser por motivos de horóscopo chinês, 2012 seguirá na minha memória por muito tempo. Foram zilhões, dos mais diversos, problemas que apareceram no caminho e apesar de não saber o que vai ser do ano que começa daqui a alguns instantes, sobrevivi!

Ano passado já tinha entrado em contato com algumas experiências diferentes, crises particulares por continuar a ver determinadas coisas não funcionando como eu achava que deveriam, raiva por problemas criados mesmo quando tudo parecia ser bem mais simples. Aconteceu de novo no início do ano, graças à tradicional falta de sorte, que me fez passar um semestre esperando para concluir os créditos que faltavam.

Ainda teve naquele início a experiência da organização de um ciclo de palestras sobre futebol, com pessoas que para além do objeto comum de pesquisa também se mostraram grandes parceirxs tanto no evento quanto em outros espaços de encontro ao longo do ano. No meio do ciclo, ainda houve outro problema desnecessário, tanto que foi rapidamente resolvido. Mas, no fundo, ficou aquela irritação de que se sou contra qualquer forma de injustiça, sou mais ainda quando surge de algo que deveria ser direcionado a mim.

Até que veio maio. A experiência inédita de sair do país, conversar algumas coisas num espanhol de iniciante, mas já bem melhor que antes, apresentar trabalho acadêmico em evento internacional lá fora e a sensação magnífica de ter conhecido o Estádio Centenário. Contar com alguns minutos sem chuva naquela sexta-feira e ficar no topo das arquibancadas, emocionado ao pensar que naquele gramado, há quase 72 anos, Uruguai e Argentina faziam a final da primeira Copa do Mundo FIFA.

Porém, infelizmente, maio não teve saldo positivo, muito pelo contrário. Muitas coisas quebraram em casa, como o HD deste computador - que me fez perder 10 dias de trabalho, que só não foram mais graças ao  arquivamento no HD externo antes de viajar. Soube de uma notícia de problema de saúde de alguém próximo e outras coisinhas aqui e acolá que pareciam não andar. Olha que isso ocorreu já depois da pior data de todos os anos.

Veio junho e a viagem à Argentina que me fez repensar quaisquer preconceitos adquiridos ao longo dos anos de transmissão futebolísticas de "ganhar é bom, mas ganhar da Argentina é muito melhor". Lugar fantástico e pessoas fantásticas. Lá se vai às ruas independentemente de classe social e de posição ideológica. Tem algo ruim? Reclama-se! Além disso, não poderia deixar de conhecer La Bombonera, estádio que percorre mentes de sul-americanos apaixonados por futebol. Por maior a tradição, parecia o oposto do Centenário, muita coisa moderna e muita malandragem para el Boca salir campeón.

Na volta, sensações e experiências pessoais totalmente diferentes. Coisas em sequência tão inesperadas quanto o foi pensar agora que 2012 é o ano em que o Corinthians foi campeão da Libertadores! - e, merecidamente, como seria depois do Mundial de Clubes.

Aí veio julho. A (primeira) viagem ao Rio de Janeiro, com tudo pago pela líder do oligopólio, teve uma grande dor de cabeça nos dias anteriores e na chegada com chuva e temperatura baixa. Foi uma reinicialização do sistema conhecendo por dentro a produção do jornalismo (se é que ainda chamam disso) esportivo.

Na volta, o que deveria significar novo ânimo para seguir adiante recebeu um imenso balde de água geladíssima. Os dias sem dormir naquele final de julho, numa mescla de tristeza, revolta e preocupação com futuro após o 27 de julho. A preocupação de não baixar a cabeça num momento em que tantas outras pessoas precisavam mais que eu de palavras acalentadoras e de um "calma". A vinda no mesmo dia de uma francesa que eu mal conhecia e que tinha de "apresentar" tudo num momento como aquele...

Ainda bem que a pessoa é sensacional e tudo foi se resolvendo com o tempo. Com ela, pude praticar o espanhol com um pouco mais de desenvoltura e discutir as diferenças europeias e brasileiras nos mais diversos aspectos, com algumas opiniões diferentes sobre as pessoas. Nos últimos dias dela por aqui, a certeza de que todo o auxílio prestado durante estes meses longe de terem sido em vão. O fato de ter que dar atenção a alguém de fora permitiu desanuviar um monte.

Realmente tudo mudaria nos meses seguintes àquele dia de julho. Pouco a pouco as coisas foram retiradas, o grupo de pesquisa foi desfalecendo como se para alguns nunca tivesse que ter existido. As pessoas ficam, mas nós seres humanos somos difíceis pra caramba de sermos entendidos e de nos entendermos, por mais que, creio eu, tudo tenha ficado bem entre todo mundo.

Veio, e ainda vem, toda a imagem de cada grupo que eu participei. A ideia aqui era fugir de qualquer tentativa de ser vanguardista e deixar o comando das ações para quem já estava mais tempo. Trabalhar, muito mesmo, até que sim, mas nada de preocupações burocráticas. Ledo engano já no início do ano, com as atividades burocráticas, e no final, com aquele velho "mal" de se tem algo para fazer, eu faço, independentemente de se ter companhia para aquilo. Olha que ainda eu me controlei.

As viagens depois disso, para Fortaleza e novamente para o Rio de Janeiro merecem destaques à parte. Fortaleza foi quase que o caos. Problemas com o hostel, problemas por aqui que eu acabava sabendo mesmo estando tão longe, trabalho para além dos dois artigos a apresentar por lá, por ser a conexão entre RS e o pessoal do grupo que estava no Ceará. Fora que quase não consigo apresentar um dos artigos porque simplesmente apagaram do sistema. No final, como sempre, nada como batalhas por algo que deveriam ter acontecido. 

Porém, há batalhas que já estão perdidas antes mesmo de começarem, mas agora com as devidas certezas e encaminhamentos. Grande sentimento de frustração por ver algo daquele tamanho se despedaçando desta forma, tão rápida. A grande dúvida sobre o fato de que essa coisa de grupo, coletividade, independentemente do que seja, parece que não foi feita para mim.

De volta ao Rio, em outubro, tudo foi diferente. O Rio estava 40 graus e as coisas pareciam, novamente, caminharem para resoluções. Tive até a minha primeira coordenação de mesa num grande evento, e que eu não fazia parte da organização. A pior sensação de não "poder" perguntar para dar espaço para as outras pessoas, mesmo tendo milhões de questões a serem feitas. Novos contatos com pessoas encontradas em outros locais, como xs argentinxs, que também estavam por aqui e mais caminhadas pelas praias cariocas.

Nova reinicialização e oxigênio suficiente para a reta final da dissertação, que caminhou sem muitos atropelos a partir de então, ainda que sob nova, mas tranquila, orientação.

Como sempre nem tudo são flores, ver, pela primeira vez, todo o trabalho paralelo de se preparar para algo ir ao fundo do poço por conta da falta de sorte ao ver documentos partirem para o interior do Rio Grande do Sul em vez de ir para uma cidade do Nordeste. Dias de atraso resultaram em dias de estudo "perdidos", tempo desperdiçado para a elaboração do projeto e uma mudança nos planos, desde a prova final do Espanhol até definir novas opções para o futuro.

O que mais ouvi foi "Não tinha que ser mesmo". O que mais passou pela minha cabeça foi: "O que tem que ser, então?". São sete meses do ano com idas, vindas, voltas e reviravoltas em todas as áreas. Só para citar um exemplo que envolve paixões e amores (ou algo acima disso), o Palmeiras foi campeão da Copa do Brasil e rebaixado à Série B no mesmo ano!

No final das contas, sobrevivi, ufa! As sensações ruins sentidas, e pouco demonstradas, do ano passado e do início do ano serviram para segurar a onda nos momentos realmente bem difíceis que vieram depois. A cabeça suportou muito melhor do que eu imaginava.

Foi um ano de conhecer novas pessoas, ou conhecer melhor as que no máximo saía um "boa tarde" ou um balançar de cabeça quando dissera que tinha lido o meu blog. Viagens que me fizeram conhecer outras cidades do mundo e ver rever outras aqui do Brasil mesmo. Ah, ainda pude ir a vários estádios diferentes, a maioria do interior do Rio Grande do Sul, onde acompanhei a saga do Aimoré em busca do primeiro título da sua história!

Sem falar na continuação do crescimento profissional, com mais e melhores publicações em relação a 2012 e, ao menos, com a certeza de que fiz muito e, principalmente, tudo o que eu podia ter feito. Ao menos quanto a isso, a cabeça termina 2012 sossegada.

DIALÉTICA
Esse espaço completou cinco anos e teve em 2012 a temporada com mais postagens (140) e com mais visitantes e visualizações, quase que o dobro do ano passado. Além de servir em muitos momentos como cano de escape em tantos instantes complicados, serviu também para dialogar sobre tantas coisas que eu vejo e faço.

Não sei como vai ser 2013. Espero, com todo o desejo possível e imaginado, que não tenha tantos problemas como 2012, que mal couberam num longo texto como este - por exemplo, ainda tive doença do Baleia e morte da irmã dele em sequência na casa dos meus pais. Se poderei me dedicar totalmente ao trabalho ao que eu gosto de fazer já não depende mais de mim. Para 2013 a única certeza é a defesa da dissertação.

No fim, se vierem problemas, que eu tenha a maturidade, muita da qual tive este ano, para tirar as pedras que puderem ser tiradas do caminho e seguir em frente, seja onde isso for. Se vierem soluções, então, garanto escrever um texto tão longo quanto esse, mas com uma perspectiva totalmente diferente.


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