terça-feira, 6 de novembro de 2012

[Por Trás do Gol] Quase 5 mil (!!!) em festa pelo acesso

Tarde de um domingo com um sol para cada um, jogos importantes no Campeonato Brasileiro da Primeira Divisão e em vez de ficar em casa, aproveitando um churrasco à beira da piscina ou os condicionadores de ar das casas - para aqueles que podem -, quase 5 mil pessoas foram ao Monumental do Cristo Rei ver o jogo que definiria quem retornaria à Divisão de Acesso (2ª) do futebol gaúcho: Clube Esportivo Aimoré ou Grêmio Esportivo Bagé. Eu fui um deles - e como sofri ouvindo o meu time no Brasileirão...

O índio capilé enfrentava consecutivamente o segundo time bageense. Após ter passado nos pênaltis pelo alvirrubro Guarany, repetiu o resultado do primeiro jogo na fase anterior, com vitória por 1 a 0 em Bagé, gol de Japa. Caberia então aos JALDE-negros (que se vestem de preto com um amarelo especial) tentarem repetir os rivais no clássico Ba-Gua, que venceram o segundo jogo aqui em São Leopoldo. A torcida, cerca de 50 pessoas, compareceu, o que deve ter exigido a abertura da bilheteria e do portão dos visitantes e mais policiais entre as torcidas que nas outras oportunidades.

Cheguei com um pouco menos de uma hora antes de a partida começar e as arquibancadas/cadeiras cobertas já estavam lotadas. Incrível como até a rua já estava lotada de carros! O movimento realmente era diferente, com mais ambulantes, que vendiam faixas do "CE Aimoré Rumo ao Acesso 2013" e outros produtos que, vai entender, eram da dupla Gre-Nal. A cantina abriu outra porta e distribuía fichas para tentar agilizar o processo de vendas de água, refrigerante e cerveja - parece que estádios abaixo de determinada capacidade podem vender a bebida, desde que não em latas ou garrafas. Além de vermos mais pessoas circulando entre as arquibancadas e o barranco vendendo tudo durante o jogo. Ah, até vendedor de rádio de pilha tinha no estádio!!!

Outra coisa interessante de jogo de interior, neste "nível", é que havia algumas pessoas com camisas de Grêmio e Internacional dividindo os espaços sem quaisquer problemas, tanto entre si quanto entre os torcedores capilés. A camisa do clube, verdade seja dita, ganhou uma tenda para ser vendida, agora a R$ 90,00. Pela quantidade de pessoas no estádio com ela, confirma-se o grande sucesso dos dois modelos criados e escolhidos pelos torcedores.

Dada a lotação da parte coberta, o jeito foi descobrir a sombra de alguma árvore atrás do gol e, ao menos até o primeiro tempo, assistir a partida no barranco. Apesar que isso não é um problema para o cidadão leopoldense, já que muitas pessoas vão ao estádio no Cristo Rei com cadeiras de praia, almofadas e chimarrão, prontos para "LAGARTEAR" no bom gramado atrás de um dos gols - tão bom que no intervalo do jogo, saiu um lagarto de lá, adentrando no gramado de jogo logo em seguida.

Prolegômenos à parte, vamos à partida!

JOGO
Diferente da partida contra o Guarany, em que começou pressionando com uma série de escanteios, o Aimoré veio mais recluso na defesa, tentando puxar contra-ataques. O Bagé tinha mais posse de bola e tentava colocar pressão nos donos da casa, mas com poucas chances reais sendo criadas. Nas poucas vezes que conseguiram algo, a bola foi para fora ou ficou nos braços do goleiro Pitol.

Enquanto isso, o Índio Capilé não conseguia ter a calma suficiente para administrar o resultado, talvez até temoroso pelo que ocorreu na fase seguinte, quando perdeu a partida e teve que resolver nos penais. Sem o atacante Lucas como referência, muitos foram os erros cometidos na etapa inicial, que terminou mesmo em 0 a 0.

Os 45 minutos que poderiam marcar o retorno à segunda divisão gaúcha (Divisão de Acesso) após 16 meses para ambos os clubes deveriam trazer mais emoções. E trouxeram. O Aimoré conseguia encaixar mais contra-ataques e segurar um pouco mais a bola, ainda que levando um susto aqui, outro ali na defesa, principalmente a partir do atacante Rafael Xavier do campeão gaúcho de 1925 - que ao menos no cabelo tenta imitar o R49.

Acompanhei o segundo tempo na arquibancada descoberta, aproveitando que o sol tinha baixado, ainda que pouco - como comprovava o tão quente concreto. Tinha desde torcedorxs com suas cadeiras de praia e cuias de chimarrão, a "profissionais", que sabiam o nome de todos os atletas do Aimoré e até senhoras de idade, que riam quando um torcedor xingava o bandeirinha de tudo o que era possível - alguns dirão que até o impossível!

Falta na entrada da área para o Aimoré. Logo lembrei da falta que vi atrás do barranco no jogo contra o Garibaldi, o gol que recolocou o time na frente do marcador que terminaria em 3 a 1. Enquanto eu tentava gravar com o celular, o cara do lado pegou sua câmera semi-profissional e queria tirar a foto do gol do acesso. Nada feito para nenhum de nós, já que a bola ficou na barreira. Nova tentativa dele na cobrança de escanteio e nada de gol.

O Bagé continuava a tentar algo com bolas alçadas na área ou em alguma jogada criada pelo Rafael Xavier, mas esbarrava na defesa, que comemorava cada bola tirada. Como era dia de "futebol gaúcho clássico", o que mais se ouviu foram comemorações a cada bico para fora do jogo, alguns deles para fora do estádio!

Mas aos 28 minutos veio o grito máximo do futebol. Num dos contra-ataques do Aimoré, Gabriel recebeu na entrada da área, quase se atrapalha, mas consegue cortar o zagueiro e em meio a gritos de "vai, vai!" da torcida, tocou por baixo do goleiro para abrir o placar e afirmar a festa no Monumental do Cristo Rei. Centro Esportivo Aimoré garantia o acesso - nem posso colocar à Divisão de Acesso por motivos óbvios...

O jogo seguiu com o Bagé tentando algo, cuja torcida soltava algo próximo a grunhidos do lado de onde eu estava, já sem maiores esperanças, enquanto a "gurizada" do outro lado seguia sua sina de barra e não parava um instante. Antes mesmo do final do jogo um dos gandulas acendeu o foguetório atrás do gol e defronte ao barranco. Quando o juiz apitou, os jogadores pularam por cima da "CASAMATA" dedicada à Brigada e foram comemorar com a torcida.

Logo em seguida, abriram os portões e parte dos torcedores adentrou ao gramado, com crianças se divertindo jogando bola num campo profissional - sério, o gramado é muito bom -, pais tirando fotografias dos filhos no gramado, enquanto uma parte das pessoas abraçava os novos ídolos do Aimoré. O acesso está garantido!

MAS AINDA TEM O TÍTULO
A Segunda Divisão (3ª) ainda não acabou. Curiosamente, a final nos traz os times que classificaram para as quartas de final com a melhor e a pior campanha, ambos saídos do Grupo A.

Enquanto o CE Aimoré vem com uma campanha primorosa, com 10 vitórias, 2 empates e 2 derrotas, com 27 gols marcados e 8 sofridos; o Sport Club Gaúcho, de Passo Fundo, conseguiu o acesso após se classificar em 4º lugar no grupo e passar nas quartas de final (contra o Três Passos) e na seminal (contra o Garibaldi) pela maior quantidade de gols marcados fora de casa. Com um detalhe, o Gaúcho perdeu em casa por 1 a 0 contra o TAC e reverteu o marcador lá em Três Passos, vencendo por 2 a 1. A sua campanha na Segunda Divisão é de 4 vitórias, 4 empates e 6 derrotas, com 11 gols marcados e 16 sofridos. Festa da cidade de Passo Fundo, que já havia visto o clube com o mesmo nome da cidade ascender à Primeira Divisão.

Para quem acredita no favoritismo total e irrestrito do Índio Capilé, trago os resultados da primeira fase: o Aimoré venceu em Passo Fundo por 1 a 0 e apenas empatou no Cristo Rei, por 1 a 1. Além disso, estamos falando de FUTEBOL!!!

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