quarta-feira, 31 de outubro de 2012

[Por Trás do Gol] Nova experiência, "velho" resultado

tinha assistido a partidas em Pelotas, no Olímpico, em Canoas, em Sapucaia e em São Leopoldo, mas nunca tinha visto a um jogo no Estádio Beira-Rio - apesar de ter participado de um Ciclo de Palestras lá. Aproveitando da passagem (e da necessidade) do Palmeiras por aqui na rodada passada, era a chance que eu precisava para conhecer o Gigante que fica ao lado do Guaíba, quer dizer, o que "sobrou" dele.

A dúvida inicial era para que torcida eu iria. Não que eu seja colorado, mas sempre pesa aquela questão da (in)segurança de ficar no meio da torcida do rival de determinada partida, ainda mais que, ao contrário do ano passado quando eu vi Grêmio X Palmeiras, desta vez eu iria sozinho. Se bem que para alguém que ficou no meio da maloqueirada torcida do arquirrival, qualquer problema é pequeno. Então, comprei o ingresso para o setor visitante e só não iria com a camisa do Palmeiras - fui com um modelo pólo do Brasil, que para os gaúchos é "ofensa" igual rs.

Não sei se porque saí de casa mais cedo, já que ainda teria que trocar o ingresso no Gigantinho, ou porque na Salgado Filho há algumas linhas que passam pela Av. Padre Cacique, mas esperava encontrar aqueles ônibus específicos para dias de jogos ali já no Largo Glênio Peres. Não havia. A parte boa é que escapei de estar num coletivo lotado de torcedores do Internacional e, ainda mais, sendo provavelmente o único a não estar de vermelho.

REVISTA?
Troquei o ingresso de forma rápida e saí a procurar o bendito Portão 25, onde entra a torcida visitante no Beira-Rio. Andei, vi restos de obras; vi dois caras com calças da Mancha Verde serem chamados para a briga; andei mais um pouco e vi placa por placar até chegar no setor que ficava a entrada. Nada de policial ainda e eu fui subindo. Cheguei no Portão 25 e me disseram que ainda não estava aberto, só dali a 10 minutos. Perguntaram se eu havia passado por revista da Brigada e a resposta foi não.
Fiquei ali mais que 10 minutos esperando a autorização para passar. Enquanto isso, fiquei conversando com os seguranças do local, que de primeira me perguntaram se eu vinha de São Paulo ou morava no Rio Grande do Sul. Respondi que morava aqui, mas que não era paulista. Seguimos conversando sobre as obras, sobre jogos do passado - destaque para o apagão de 2 minutos no jogo de 1999, em que o Inter se livrou do rebaixamento graças a gol do Dunga -, segurança,...

Depois chegaram um pai e um filho palmeirenses, que moravam em Guaíba e que também conseguiram passar pela rampa antes de lembrarem que deveriam fechar o acesso enquanto a Brigada não chegava para formar a revista. Vi de cima o pessoal trocando a roupa e colocando camisas do Palmeiras ou da Mancha Verde. Afinal, um dos problemas que verifiquei daqui é que a torcida visitante tem que passar pela torcida da casa, e para sair também, para chegar em seu setor caso venha de transporte coletivo - se bem que para descer da rampa tem que passar por outros quatro ou cinco setores colorados também.

Como ainda faltava duas horas para iniciar a partida, fiquei observando o "coliseu" que virou o Beira-Rio, com direito a ter ficado cercado por cordas num setor de arquibancadas que cabiam, no máximo, 3 mil pessoas. Casais, jovens, senhores de idade com forte sotaque italiano e até uma dupla de senhores vinda de Caçador-SC, um dos quais não parou de dizer que "o velhinho estava ali" quando a musa do Inter desfilou pelo gramado.

Ah, ainda perguntei aos poucos da Mancha que haviam chegado mais cedo quem era a alternativa ao que nós temos para as eleições do clube e ainda os informei sobre o papelão do Frizzo de nem saber que havia Conselho Arbitral para o Paulistão do ano que vem... Em meio ao sábado abafado, quente, com nuvens, mas sem chuva, um pouco antes de a partida começar chegou os ônibus com o resto da organizada.

Assim que chegaram, os goleiros estavam aquecendo e não faltaram xingamentos ao Bruno, chamado, dentre outras coisas, de "mão de alface". Sinceramente, discordo desse tipo de cobrança antes das partidas, ainda mais para jogadores. A primeira confusão foi porque no Beira-Rio não se pode pendurar bandeiras nos muros, já que isso "atrapalha" os patrocínios pintados - e é sério. Eles acabaram pendurando no muro de trás, já que a corda não sustentaria e ainda atrapalharia a visão do jogo. Eu acabei indo para trás da torcida, até mesmo para poder ver a sua movimentação de uma melhor forma e também para não me sentir encurralado com a corda na frente.

PARTIDA
Eu nem precisaria falar deste jogo já que foi o mais polêmico da rodada. O Palmeiras jogou melhor no primeiro tempo, marcando bem e criando boas jogadas em contra-ataques. Patrick Vieira perdeu um bom lance, enquanto Marcos Assunção, na sua especialidade de cobrança de falta, também parou nas mãos de Muriel, que parecia estar num dia inspirado.

Mas depois não houve jeito. Assunção cruzou da esquerda, a bola desviou, mas chegou em Luan, para empurrar para o fundo das redes que ficavam do lado oposto ao que estávamos e, portanto, só agora me dei conta de saber quem tinha feito o gol - sabia que não tinha sido o Barcos porque ele estava na primeira trave. Gritei para caramba e fizemos uma grande festa - além de ouvir os xingamentos para os colorados que estavam do lado.

O Palmeiras ainda perdia algumas chances em novos contra-ataques, enquanto o Inter passava a ter maior controle de bola, com Bruno fazendo boas intervenções. Porém, numa falha de saída de bola de Artur - que levou uma senhora bronca de Barcos -, Guiñazu cruzou da direita, a bola passou por todo mundo e chegou em Fred, sozinho, para empurrar ao gol. Foi a nossa vez de escutar xingamentos da torcida colorada e um gritos de "Ão, ão, ão, segunda divisão", prontamente respondidos por "nós disputaremos a Libertadores, e vocês?".

O time saiu chateado em campo pelo resultado, afinal tinha criado muitas oportunidades. No segundo tempo, o Palmeiras aceitou a pressão do Inter e pouco criou até mais uma jogada pela lateral-direita. D'Alessandro entrou na área e cruzou para Rafael Moura, sozinho, mandar para o gol de Bruno. Mais gritos da frase citada no parágrafo seguinte e, apesar de aumentarmos os gritos para empolgar o time, a verdade é que a desmotivação alcançou o setor 25 do estádio.

Ainda assim, o Palmeiras resolveu jogar, ainda que atabalhoadamente. Curiosamente, esta partida foi a que vi mais escanteios girando por trás do gol, ao menos era isso que o árbitro dava. Quer dizer, nem é curioso, já que não há espaço para cobrar escanteios, devido às placas das obras - que, inclusive, deixavam a "piada pronta" de saber como os gandulas pegariam as bolas que fossem parar um pouquinho mais distantes.

No lance que garantiu a polêmica, com direito a asterisco na tabela de classificação, Assunção cobrou escanteio na primeira trave, vi Maurício Ramos e Barcos pulando, Muriel saindo atrasado tendo em frente outros jogadores do Internacional e a bola tocando as redes. Novas comemorações efusivas, "Olê, porco" e apontar para a torcida rival, enquanto os jogadores colorados pressionavam o juiz. Depois de um "século", o conterrâneo Francisco Carlos Nascimento "resolveu" anular o gol. O companheiro do lado disse que o Barcos tinha feito com a mão, mas por que demoraram tanto? Gritos de "Vergonha" surgiram da torcida.

Não vi o toque na mão porque a jogada foi muito rápida. É óbvio que era para ter sido marcada a falta, ainda mais que o Chicão estava de frente para o lance, num erro absurdo. No entanto, é mais absurdo ainda que o delegado da partida, que geralmente é do Estado onde está sendo realizado o jogo, tenha interferido numa decisão da arbitragem. Este é um campeonato com muitos erros de arbitragem, mas só contra o Palmeiras usam de artifícios outros para garantir a justiça.

Ah, além disso, como publiquei no Twitter assim que vi o lance - só na noite do dia seguinte em casa -, o Barcos foi seguro pelo Índio, o que motivou que ele não pulasse direito para cabecear a bola. Ou seja, antes da mão do Barcos houve pênalti nele a ser marcado. Depois, o próprio Barcos falou nisso e houve alguém na imprensa que viu o mesmo que eu. De qualquer forma, acho babaquice tentar anular a partida. O troço já está difícil mesmo, que não coloquemos na arbitragem as falhas da nossa péssima diretoria, que é incapaz de manter o Cicinho no elenco, mesmo só tendo um lateral-direito nele - e ainda contratar atletas do nível do Leandro, que estava parado há meses!

O final da partida foi de tentar colocar pressão, mas sem qualquer criatividade ou efetividade, apesar de, para sermos justos, a entrada do Maikon Leite ter criado algo diferente, com mais tentativas de ataque por parte deste jogador. No final, mais uma derrota e agora só 100% de aproveitamento nos salva de mais um rebaixamento, 10 anos depois do primeiro.


AINDA TEVE O DEPOIS
Como 2012 está demorando para acabar, ainda tive que sair do estádio no meio dos colorados, felizes da vida após duas vitórias de virada que acalmaram os ânimos locais - ainda que o muro do outro lado ainda "peça" a saída de Fernandão e diga que Forlán é ex-jogador. Mas ainda podia piorar...

Quando descia, ouvi gritos vindos de baixo, coisas de "ão, ão, ão..." e pude perceber o presidente (?) Tirone saindo de uma van, sendo seguido pelo César Sampaio. Ainda balbuciei um fdp, mas nem gritar contra o desgraçado eu pude.

Ao menos valeu a experiência, inclusive de ver ao vivo as dificuldades do torcedor de ir a um estádio em obras para a Copa do Mundo FIFA e que é o único que não foi parado por conta disso - é, eu sei, fui algumas vezes ao Rei Pelé enquanto as obras iam a passos de tartaruga. Além disso, campeão da Copa do Brasil ou rebaixado, "EU SOU PALMEIRAS ATÉ MORRER!!!".

Nenhum comentário:

Postar um comentário