terça-feira, 2 de junho de 2009

O [magnífico] Mistério do Samba

O que esperar de um documentário sobre música que traz na direção sobrenomes Buarque de Hollanda e Jabor? Ah, além disso, que conta com participações especiais de Paulinho da Viola, Zeca Pagodinho e Marisa Monte – também na produção? E para melhorar, os protagonistas são integrantes da Velha-Guarda da Portela? Uma magnífica simbiose entre cinema e música.

Em 1998, a cantora Marisa Monte, filha de um ex-diretor portelense, resolveu vasculhar a produção da escola do bairro Oswaldo Cruz com a finalidade de gravar e preservar músicas inéditas. Ela encontrou mais de cem e gravou ao lado da Velha-Guarda da Portela o CD Tudo Azul, lançado em 2000. A ideia do documentário partiu daí e Marisa seria a produtora.

Dez anos, muita música e depoimentos depois, era lançado O Mistério do Samba, trazendo à tona engraçadas e interessantes histórias reais contadas por quem fez e faz o samba carioca. Histórias não só da produção das músicas, mas do cotidiano de pessoas com veia artística intensa e tão comuns como quaisquer pessoas pobres, enfrentando batalhas semelhantes sem largar a paixão musical.

SEU ARGEMIRO - O grande destaque no quesito histórias é o seu Argemiro. Uma pessoa simples, simpática e muito inteligente que conta fatos ocorridos na sua vida, que, infelizmente, não pôde acompanhar a estreia do filme, já que faleceu aos 80 anos em 2003.

Numa primeira conversa, em sua casa, sem camisa, seu Argemiro conta como utilizava as palavras para elaborar as músicas, até que lembra de uma dúvida:

“Como é que se diz: âmbito ou ambito?
- Âmbito, responde o diretor Lula Buarque de Hollanda.
Bem que eu pensava que fosse âmbito. Mas na hora da produção da música, o significado não importa. Tinha que colocar âmbito para rimar”.

E abre um gostoso sorriso antes de contar outra palavra a qual utilizou para uma música e se espantou ao descobrir, muitos anos depois, o significado desta:

“Utilizei numa música minha a palavra copular sem saber o que era. Depois descobri: ‘Ih, significa isso?’. Mas tinha que colocar. Hoje, agora que eu sei, digo que vou para casa copular com a minha muié”.

Outro comentário que destacamos de seu Argemiro é quando ele conta quando Monarco o apresentou a Chico Buarque, no início da década de 60, quando Chico já era unanimidade no país:
“Cheguei no bar e eles já estavam bebendo. O Monarco disse: ‘Esse aqui é o Argemiro, ele faz sambas’. Aí ele [Chico] pediu para que eu criasse uma ali, naquele momento, sobre a garrafa. Aí eu disse que não podia fazer porque não sentia nada pela garrafa. Não tinha inspiração sem sentimento”.

Ele foi para casa e na mesma noite produziu uma letra sobre a sua impossibilidade de escrever sem ter motivo emocional para tal e entregou a Chico no dia seguinte, que reclamou do tamanho da ‘resposta’.

2 comentários:

  1. eu preciso ver esse documentário. Mesmo naum gostando de Marisa Monte e naum sendo lá muito fã de samba, deve ser massa ver essas pessoas q fizeram a estória da música brasil e nóis nem sabe!!

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  2. Maravilhoso!!!! Todo o documentário é show!!!! Parabéns.

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